Dom Angélico e o Grito do Povo
Prateleiras abarrotadas de caixas de papelão e pastas repletas de documentos históricos, esquecidas há anos numa sala convertida em arquivo na Igreja de São Francisco, em Ermelino Matarazzo.
É esta a porta de entrada para a arqueologia audiovisual proposta pelo cineasta Rodrigo Siqueira no documentário “Dom Angélico e o Grito do Povo”. Em imagens recentes, captadas em 2021, e naquelas garimpadas em filmes dos anos 1970 e 1980, é possível palmilhar os caminhos percorridos por Dom Angélico ao longo dos anos em que serviu como bispo-auxiliar de São Miguel Paulista, no extremo-leste de São Paulo, entre 1976 e 1989.
Em 47 minutos, acompanhamos Dom Angélico no auge de seu envolvimento com as comunidades eclesiais de base, as pastorais sociais, o apoio irrestrito aos mais pobres, a defesa inabalável dos direitos humanos.
Militante de discurso firme, parceiro de Dom Paulo Evaristo Arns, Dom Angélico tinha pouco mais de 40 anos quando iniciou sua jornada evangelizadora na Zona Leste. Estimulava a ocupação de terras, denunciava a violência de Estado, marchava com os trabalhadores e apostava na comunicação popular como instrumento de formação e informação. “A bíblia numa mão, o jornal na outra”, ensinava.
Hoje, aos 88 anos, o bispo emérito de Blumenau relembra as lutas do povo de São Miguel e dialoga com aqueles que constroem os movimentos sociais da atualidade.
“Dom Angélico e o Grito do Povo” pode ser visto com áudio-descrição, legendas para surdos e ensurdecidos (LSE) ou com janela de libras. É livre a exibição não-comercial do filme.